O NOSSO PATRONO
Camões e a Ciência
Camões não teria escrito o que escreveu se não tivesse um conhecimento profundo da complicada cosmologia da época.
Canto V, 25
"A maneira de nuvens se começam
A descobrir os montes que enxergamos;
As âncoras pesadas se adereçam;
As velas, já chegados, amainamos.
E para que mais certas se conheçam
As partes tão remotas onde estamos,.
Pelo novo instrumento do Astrolábio,
Invenção de subtil juízo e sábio,
Luiz Vaz de Camões foi o primeiro escritor do hemisfério norte a descrever a constelação Cruzeiro do Sul, talvez por ter navegado para o oriente:
“Já descoberto tínhamos diante
Lá no novo Hemisfério, nova estrela,
Não vista de outra gente, que, ignorante,
Alguns tempos esteve incerta dela.
Vimos a parte menos rutilante
E, por falta de estrelas, menos bela,
Do Pólo fixo, onde inda se não sabe
Que outra terra comece ou o mar acabe.”
(Os Lusíadas, canto v, estância 14)
“As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica)”
(Umbrano)
Enquanto do seguro azambujeiro
Nos pastores de Luso houver cajados,
E o valor antigo, que primeiro
Os fez no mundo tão assinalados,
Não temas tu, Frondélio companheiro,
Que em nenhum tempo sejam subjugados,
Nem que a cerviz indómita obedeça
A outro jugo algum que se ofereça.
Canto IX, 14
(Partida de Calecut de Vasco da Gama)
Leva alguns Malabares, que tomou
Por força, dos que o Samorim mandara
Quando os presos feitores lhe tornou;
Leva pimenta ardente, que comprara;
A seca flor de Banda não ficou,
A noz, e o negro cravo, que faz clara
A nova ilha Maluco, com a canela,
Com que Ceilão é rica, ilustre e bela.
Éclogas (À morte D. António de Noronha) (Frondélio)
Que vejo este carvalho, que queimado
Tão gravemente foi do raio ardente,
Não seja ora prodígio que declare
Que o bárbaro cultor meus campos are.